A História da Devoção
HISTÓRICO DA DEVOÇÃO A PADROEIRA
A ORIGEM EM PORTUGAL
A história da devoção a nossa Senhora sob o título da Abadia, surgiu em Bouro ao norte de Portugal, na Diocese de Braga, no século XII. Dá-se próximo das ruinas do mosteiro da ordem de São Bento, uma antiga Abadia onde ainda moravam dois monges eremitas; Diz a tradição que, por duas noites seguidas, os dois monges viram aparecer na garganta da serra uma luz misteriosa e viva. Depois da segunda noite, fizeram buscas no local, encontrando a imagem da Virgem Maria em escultura de pedra, numa gruta. Construíram ali uma capela, que se tornou local de peregrinação de onde surgiram inúmeros milagres.
A ORIGEM NO BRASIL
A presença do culto a N. Sra. da Abadia no Brasil, remonta ao tempo colonial e se deve a um devoto português, que a levou a cidade de Muquém em Goiás, lá se propagou imediatamente entre a população local, onde romeiros difundiram a devoção entre os garimpeiros que trabalhavam nas cabeceiras do ribeirão Água Suja, no Triangulo Mineiro. Em 1870 a pedido do bispo uma capela provisória foi construída e nela foi entronizada uma imagem trazida de Portugal através da Corte Imperial. Em 1928 foi lançada a pedra fundamental da Basílica de N. Sra. da Abadia de Água Suja, hoje denominada cidade de Romaria – MG.
A EXPANÇÃO DA DEVOÇÃO
A imagem de Nossa Senhora da Abadia continua a ser venerada em diversas localidades do Brasil, atraindo fiéis que encontram conforto, proteção e inspiração na sua intercessão. A devoção a N. Sra. da Abadia se espalhou por todo o triangulo mineiro, inclusive na cidade de Uberaba e Uberlândia, também se faz presente nos municípios de Sitio D’Abadia, Guarani, Rio Verde de Goiás, Nova Roma e Formosa, além de muitos outros lugares em especial no centro-oeste do Brasil; a devoção alcança também o Mato Grosso (cidade de Garcias), e Mato Grosso do Sul nas cidades de Campo Grande, Sidrolândia, Figueirão além de outros lugares.
A ORIGEM EM CAMPO GRANDE
A devoção a Nossa Senhora da Abadia em Campo Grande se deve a seus fundadores mineiros, em especial ao Sr. Elizeu Ramos. Em 1905, em sinal de gratidão pelas graças alcançadas, principalmente por sua saúde e empreitada para se estabelecer com sua família em terras morenas. Sr. Elizeu Ramos espalhou por toda a região a devoção a Nossa Senhora da Abadia com um estandarte, se deslocando a pé ou a cavalo. Assim o fez até que, em 1912, após arrecadar os recursos com a comunidade, o Sr. Elizeu adquiriu a imagem da Virgem Maria de origem francesa em São Paulo – capital e a trouxe até Três Lagoas de trem. De lá, a imagem seguiu até Água Clara em lombo de burro e de Água Clara a Campo Grande em carro de boi.
A SAGA DA CHEGADA DA IMAGEM
A imagem da Virgem da Abadia seguiu em lombo de burro, de fazenda em fazenda, até a fazenda Campo Alegre, onde foi realizada uma grande recepção com terços, ladainhas, orações, louvores e refeição para mais de duzentas pessoas. Nas fazendas Bom Jardim e Pontal, armou-se um andor enfeitado com flores e se formou um verdadeiro cortejo, seguindo todos a pé a imagem no carro-de-boi. A última parada aconteceu na fazenda Aguadinha ou Rancharia, hoje região da saída para Três Lagoas, onde ainda fizeram terços e mais orações. De lá saiu para ser recepcionada com grande festa no dia 3 de agosto de 1912, para a então Comarca de Campo Grande.
A FESTA DA ACOLHIDA
A imagem de Nossa Senhora da Abadia entrou com grande multidão de pessoas em procissão em nossa cidade no dia 3 de agosto de 1912, pela atual Rua Barão de Melgaço. As casas a esperavam com toalhas e flores nas janelas em meio a cânticos religiosos, banda de música e estouro de foguetes! Os potentes “vivas” tomaram conta da emoção de todos os presentes! A Santa foi recepcionada num barracão especialmente feito pra isso na Rua 26 de Agosto, no qual se dançava a catira, como era de costume, ao som do violeiro-cantador Bento Gomes Benjamim, um mato-grossense de Santana do Parnaíba, proprietário da conhecida “Pensão Bentinho”. Além disso, havia muitas comidas típicas da época, vinho estrangeiro, sem falar na grande fogueira e nos fogos de artifício.
ENTRONIZAÇÃO E COROAÇÃO
Em 9 de agosto de 1912, a imagem de N. Sra da Abadia foi conduzida até a pequena e modesta Igreja de Santo Antônio de Pádua, localizada na Rua 15 de Novembro. Os festejos iniciaram e a imagem foi coroada no dia 15 de agosto, na Solenidade da Assunção, ocasião em que muitas pessoas acorreram pedindo graças e bençãos. E a presença de Nossa Senhora da Abadia prenunciava um novo tempo para Campo Grande. À época, a população da cidade era de cerca de mil e duzentos habitantes. Vivia-se um momento de certa glória e euforia, pois recentemente, em 12 de maio de 1911, havido sido criada a Comarca de Campo Grande, com a nomeação do primeiro juiz de direito.
TORNOU-SE PADROEIRA
O Papa Pio XII, ao instituir a Diocese de Campo Grande, desmembrando a da Diocese de Corumbá, em 15 de junho de 1957, por meio da Bula Papal Inter Gravíssima, também instituiu Nossa Senhora, sob o título da Abadia, como Padroeira da nova Diocese. O primeiro Bispo foi Dom Antônio Barbosa, cuja ereção canônica ocorreu em 24 de maio de 1958. Atualmente, a Arquidiocese de Campo Grande é formada pela nossa Capital e pelos municípios de Ribas do Rio Pardo, Sidrolândia, Bandeirantes, Jaraguari, Corguinho, Rochedo e Terenos e pelo Distrito de Anhanduí.
LUGARES DE DEVOÇÃO EM MATO GROSSO DO SUL
Atualmente, temos como lugares da devoção a Nossa Senhora da Abadia em Campo Grande: a Catedral Metropolitana, onde se encontra a imagem original, e o Santuário de Nossa Senhora da Abadia, localizado nos altos da Avenida Afonso Pena, no bairro Chácara Cachoeira. Este último se constitui como ponto de convergência da devoção a Nossa Senhora da Abadia e centro aglutinador da história e dos personagens desta devoção tão popular. Em Sidrolândia, é Padroeira da cidade e a Paróquia é dedicada a Ela. Em Mato Grosso do Sul, ainda podemos mencionar a Aldeia Indígena Tereré, do povo Terena, e o município de Figueirão, o qual pertence à Diocese de Coxim.
ORIGEM DO SANTUÁRIO
A comunidade do Santuário Nossa Senhora da Abadia surgiu da necessidade de se dar atendimento religioso e espiritual aos moradores da crescente região dos bairros Miguel Couto e Chácara Cachoeira. A primeira missa foi celebrada em uma residência, na Rua Raul Pires Barbosa, no dia 16 de outubro de 2002. A comunidade então passou a se reunir nas casas, com um pequeno número de famílias participantes. De novembro de 2003 a dezembro de 2010, a comunidade se reunia aos domingos em uma escola. A partir de dezembro de 2010, foram alugadas duas salas conjuntas na Rua Coronel Cacildo Arantes. Em 1° de maio de 2011, foi constituída como Paróquia e assumindo também a Comunidade São Domingos Sávio, no bairro Cidade Jardim.
VIDA DA COMUNIDADE
As atividades da então Paróquia Nossa Senhora da Abadia foram crescendo a cada dia: celebrações dominicais, catequese, Cerco de Jericó, movimentos e pastorais. Foi implantado em 2012 o Encontro de Casais com Cristo/ECC, em 2014 o Bom Pastor/Casais em Nova União e os Acampamentos. Gradativamente, a quantidade de participantes da comunidade aumentou e, com o passar dos anos, o prédio locado se mostrou um lugar pequeno e impróprio para as celebrações e atividades. No mesmo ano com a aquisição da chácara Divina Misericórdia se consolidou a estrutura para a realização dos acampamentos e demais atividades de evangelização e formação.
SEDE PRÓPRIA
Depois de anos e várias tentativas em busca de uma sede própria ou área onde pudesse ser construída a o Santuário da Abadia em Campo Grande, foi encontrada a ajuda esperada. Em maio de 2019, numa assembleia paroquial, foi constituída uma comissão de estudo em busca de uma solução para nossa necessidade. Então foi apresentada a opção do atual prédio nos altos da Avenida Afonso Pena, adquirido depois de todo um processo de negociação e intervenção divina. Aprovada a compra em 15 de junho, realizamos a mudança com uma linda carreata, sendo a santa missa celebrada no novo prédio no dia 14 de julho de 2019.